Neste vídeo, Dra. Elise Deluche, oncologista e chefe de serviço do Centro Hospitalar Universitário de Limoges, França, comenta sobre a análise de biomarcadores e mecanismos de resistência do trastuzumabe deruxtecana (T-DXd), que foram avaliados no estudo clínico DAISY.
O estudo demonstrou que o T-DXd exerce atividade anti-tumoral por ativação de vias de serotonina ou interferon alfa a depender da expressão de HER2. Biomarcadores seguem pouco claros, mas sugestiona-se ERBB2 (deleção hemizigótica) e SLX4 como possíveis biomarcadores de resistência.
Anticorpos monoclonais droga-conjugados (ADC) ganharam espaço dentre os tratamentos oncológicos ao permitirem, eficientemente, o drug-delivery de quimioterápicos citotóxicos direcionados pela especificidade do anticorpo monoclonal. Dentre os ADCs, o trastuzumabe deruxtecana (T-DXd) tem sua especificidade direcionada ao HER2, e possui boa eficácia e segurança em pacientes com câncer de mama metastático HER2 com alta expressão ou HER2low.
Em continuidade, o estudo DAISY trata-se de um estudo clínico de fase II, multicêntrico que avalia a eficácia do T-DXd em três coortes de acordo com a expressão de HER2, realizando paralelamente análises de biomarcadores. No Congresso ESMO 2022, foram apresentados os resultados envolvendo essa coorte, elucidando os mecanismos de ação e de resistência ao tratamento.
Métodos:
Utilizando metodologia de transcriptoma espacial (GeoMx), 8 biópsias coletadas de 2 a 4 dias após o primeiro ciclo de T-DXd foram utilizadas para avaliação de resposta com base no perfil genômico/espacial e de acordo com a expressão de HER2. As resistências primária e secundária foram acessadas mediante exoma total de biópsias do baseline (n=88) e do momento da progressão (n=20), sendo avaliada, ainda, a distribuição de T-DXd por imuno-histoquímica em biópsias de progressão com menos de 6 semanas após última infusão.
Resultados:
Visando a elucidação de mecanismo de ação, observou-se que administração de T-DXd ativa duas vias principais conforme a expressão de HER2 na área avaliada. A super expressão de HER2 ativa a via de serotonina ao passo que a ausência de HER2 leva a ativação da via de interferon alfa.
Com relação à busca de biomarcadores de resposta e resistência, o gene ERBB2/HER2 não demonstrou estar associado à resposta clínica ao T-DXd e nenhuma outra alteração driver esteve associada à resistência. Sugestiona-se, por achados de deleção hemizigótica de ERBB2 (6%) em biópsias do baseline de não respondedores, que essa deleção pode estar associada a uma resistência primária, enquanto mutações em SLX4, observadas em 20% (2/10) das biópsias da progressão e corroborado por experimentos in vitro, aparenta estarem associadas à resistência secundária.
A constatação de ativação de vias de serotonina e interferon alfa demonstra o potencial de T-DXd em induzir uma resposta imune antitumoral, sem que esse sofra captura, não sendo esse um possível mecanismos de resistência. Ainda que sejam necessários mais estudos que confirmem possíveis biomarcadores, a deleção hemizigótica de ERBB2 e mutações em SLX4 podem estar associadas à resistência primária e secundária, respectivamente.
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