Melanoma metastático: dados impressionantes de sobrevida global em cinco anos - Oncologia Brasil

Melanoma metastático: dados impressionantes de sobrevida global em cinco anos

3 min. de leitura

O advento da imunoterapia nos últimos anos modificou radicalmente os paradigmas de tratamento de vários tipos de câncer, sobretudo em tumores como melanoma, câncer de pulmão e carcinoma de células renais.

Especificamente em casos de melanoma avançado, o uso de agentes anti-PD1 e anti-CTLA4 revelou uma eficácia sem precedentes para essa neoplasia, considerada previamente intratável e não responsiva às quimioterapias existentes.

O oncologista da Clínica AMO em Salvador, Dr. Rodrigo Guedes, comenta dados relevantes para esse cenário, provenientes do estudo CheckMate 067, que avalia o tratamento com nivolumabe (NIVO) isoladamente ou em combinação com ipilimumabe (IPI). O estudo já havia demonstrado benefícios substanciais em taxas de resposta e em sobrevida livre de progressão (SLP) e sobrevida global (SG) para pacientes com melanoma metastático. Apresentados no ESMO Congress 2019, congresso da European Society of Medical Oncology, os novos dados do estudo revelam ganhos ainda mais robustos com essas medicações, com mais de 50% dos pacientes vivos após 5 anos.

O congresso, que ocorre entre os dias 27 de setembro e 01 de outubro, traz os resultados atualizados do seguimento do CheckMate 067, que avaliou 945 pacientes com melanoma avançado estádios III ou IV, sem tratamento sistêmico prévio.

Os pacientes foram randomizados para braços de NIVO + IPI, NIVO + placebo ou IPI + placebo, e estratificados quanto ao status de programmed death ligand 1 (PD-L1), ao status de mutação de BRAF e ao estadiamento referente aos sítios de metástases. O agente anti-CTLA4 ipilimumabe era administrado por, no máximo, 4 doses de 3 mg/kg cada, enquanto o agente anti-PD1 NIVO era aplicado na dose de 1 mg/kg, quando em combinação a IPI, ou na dose de 3 mg/kg, se isoladamente, sendo o tratamento mantido até progressão ou toxicidade limitante.

Em análises que compararam separadamente os braços com NIVO ao braço de IPI + placebo, o benefício do anti-PD1 manteve-se significativo para todos os desfechos avaliados, após seguimento mínimo de 60 meses. A taxa de SG em 5 anos foi 52% para NIVO + IPI, 44% para NIVO + placebo e 26% para IPI + placebo. As medianas de SLP e SG foram, respectivamente, de 11,5 meses e não atingida para o braço da combinação, em comparação a 6,9 meses e 36,9 meses para NIVO e 2,9 meses e 19,9 meses para IPI.

Esse benefício importante foi visto independentemente dos status de PD-L1 e mutação de BRAF. Porém, naqueles pacientes com BRAF mutado o ganho parece ainda mais expressivo com uso da combinação, com taxas de SG em 5 anos de 60% vs. 46% (NIVO) vs. 30% (IPI). Além disso, dentre os pacientes vivos, 74% não necessitaram de terapias subsequentes após NIVO + IPI, em comparação a 58% do braço de NIVO e 45% do braço de IPI.

Apesar de associada a maior incidência de toxicidades imunomediadas, a combinação de anti-PD1 e anti-CTLA4 não acarretou piora na qualidade de vida dos pacientes, de acordo com os dados apresentados. Mesmo naqueles indivíduos que necessitaram de suspender o tratamento devido a eventos adversos, o benefício da imunoterapia parece ter se sustentado.

Sendo o seguimento mais longo até o momento da combinação de imunoterápicos em oncologia, essa atualização do CheckMate 067 vem sedimentar o ganho que os bloqueadores de correceptores imunes proporcionam para pacientes com melanoma metastático, reforçando o benefício inequívoco e duradouro desses tratamentos para uma grande parcela dos pacientes.

O ESMO Congress 2019 acontece entre os dias 27 de setembro e primeiro de outubro em Barcelona, Espanha e reúne especialistas do mundo todo para discutir o que há de mais recente na pesquisa oncológica, com apresentação de dados que podem mudar a prática da oncologia e consequente promoção de um atendimento melhor ao paciente. Confira a cobertura no site www.oncologiabrasil.com.br/esmo-19, e nas nossas redes sociais.