O quanto compensa utilizar testes moleculares para escolha terapêutica em câncer de sítio primário desconhecido? - Oncologia Brasil

O quanto compensa utilizar testes moleculares para escolha terapêutica em câncer de sítio primário desconhecido?

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Casos de câncer de sítio primário desconhecido (CUP) costumam ter um prognóstico ruim, apesar de haver possibilidade de tratamento com quimioterapia empírica como cisplatina-gemcitabina, que possui atividade sobre uma ampla variedade de neoplasias.

O estudo de fase III GEFCAPI 04, apresentado no ESMO Congress 2019, trouxe a perspectiva de se trabalhar com testes moleculares para a identificação dos sítios primários, abordagem que permite a identificação em até 80% dos pacientes. A intenção dos autores do estudo é a de utilizar os resultados destes testes para a escolha de tratamentos direcionados ao tipo de tumor primário, além de testar o prognóstico desta abordagem.

Os pacientes do estudo tinham diagnóstico confirmado de CUP metastático, e não haviam sido tratados previamente, e foram randomizados em dois braços: o braço A (n = 120) para cisplatina (100 mg/m2, dia 1) e gemcitabina (1250 mg/m2 dias 1 e 8) a cada três semanas, enquanto o braço B (n = 123) passou por testes de expressão gênica seguidos por tratamento escolhido de acordo com a suspeita do tipo de tumor primário. Foram utilizados, para tanto, o teste Tissue Of Origin (Pathwork, n = 21) ou CancerTYPE ID (Biotheranostics, n = 222).

O endpoint primário era a sobrevida livre de progressão (HR = 0,625, poder estatístico de 80%, com teste bilateral de porcentagem de 5%), com estratificação pelo local, sítio primário e níveis séricos de lactato desidrogenase. Já os endpoints secundários foram a sobrevida livre de progressão do subconjunto de pacientes diagnosticados com tipos de câncer conhecidamente refratários ao tratamento com cisplatina-gemcitabina, e a sobrevida global dos pacientes.

Setenta e quatro por cento (91 dos 123) dos pacientes no braço B do estudo receberam tratamento direcionado para o tipo de tumor primário. A sobrevida livre de progressão para ambos os braços, porém, foi similar (HR = 0,95, IC95% = 0,72-1,25; p = 0,7), com mediana de 5,3 meses para o braço A e 4,6 meses para o braço B. Também não houve diferença na sobrevida global (HR = 0,92, IC95% = 0,69-1,23), com mediana de 10,0 meses para o braço A e 10,7 meses para o braço B.

Desta maneira, o estudo GEFCAPI 04 concluiu não haver benefício na adoção de tratamento guiado por testes moleculares para pacientes com CUP, em relação à quimioterapia empírica com cisplatina-gemcitabina.

O ESMO Congress 2019 acontece entre os dias 27 de setembro e primeiro de outubro em Barcelona, Espanha e reúne especialistas do mundo todo para discutir o que há de mais recente na pesquisa oncológica, com apresentação de dados que podem mudar a prática da oncologia e consequente promoção de um atendimento melhor ao paciente. Confira a cobertura no site www.oncologiabrasil.com.br/esmo-19, e nas nossas redes sociais.