Diante das baixas taxas de resposta à terapia padrão e demais terapias, o tratamento alternativo de CCGC com pembrolizumabe garantiu boas taxas de sobrevida global, sobrevida livre de progressão, resposta objetiva e duração de resposta
Os carcinomas de células-claras classicamente e frequentemente descritos em tumores renais, ainda que raramente, podem ocorrer sobretudo no trato reprodutivo feminino, em tumores de ovário, endométrio, vagina e cervical, compreendendo de modo geral os tumores ginecológicos de células claras (CCGC). O tratamento padrão para os casos avançados/metastáticos compreende cirurgia de redução do volume tumoral e combinação de quimioterapia (platina+taxanos). No entanto, o desafio clínico diante de CCGC é a baixa taxa de resposta à terapia padrão e às propostas quimioterápicas de segunda linha, com taxas de resposta objetiva (ORR) entre 0-8%.
O estudo de fase II PEACOCC, baseado nas evidências moleculares de expressão de PD-L1, infiltrado tumoral linfocitário PD-1+, alto TMB e bons resultados de inibidores de PD-1 em ensaios pré-clínicos, avalia a aplicabilidade de pembrolizumabe (anti-PD-1) no tratamento de CCGC avançado e refratário a terapias anteriores. Delineado em modelo multicêntrico e de braço único, o estudo avaliou 48 pacientes que receberam pembrolizumabe 200mg a cada 21 dias até o momento da progressão, eventos adversos inaceitáveis, 2 anos de tratamento ou por decisões dos pacientes ou dos clínicos.
O endpoint primário do estudo foi a taxa de sobrevida livre de progressão (SLP) em 12 semanas. Assim, 43,8% (90% CI: 31,5-56,5) dos pacientes atingiram SLP nesse período. Outros parâmetros de eficácia foram avaliados: a melhor taxa de resposta objetiva foi alcançada em 25% (90% CI: 15,1-37,3), sendo uma resposta completa e 11 respostas parciais. A taxa de duração de resposta (DOR) em 1 ano foi observada em 47,7% (95% CI: 14,1-75,6). Com mediana de follow-up de 2,1 anos, obteve-se uma mediana de SLP de 12,2 semanas (95%CI: 5,9-32,9) e de sobrevida global (SG) de 71 semanas (9% CI: 29,1-137,6).
Conjuntamente à eficácia, a segurança foi avaliada conforme o desenvolvimento de eventos adversos relacionados ao tratamento (TRAE). As toxicidades máximas atingidas foram de G3, como hipertireoidismo, injúria aguda renal, encefalite, dentre outras. Apenas 3 pacientes necessitaram interromper o tratamento decorrente de toxicidades.
Resultados do estudo demonstram uma boa performance do pembrolizumabe em CCGC avançado. O tratamento com pembrolizumabe em linhas subsequentes garantiu sobrevida livre de progressão (12 semanas) em 43,8% dos pacientes com boa duração de resposta e toxicidades limitadas. Esses resultados sugerem a possibilidade da monoterapia com pembrolizumabe no tratamento desses tumores raros, dado contexto atual de prognóstico ruim e altas taxas de progressão.
Referências:
Alameda Campinas, 579 – Jardim Paulista, São Paulo – SP, 01404-100
CEO: Thomas Almeida
Editor científico: Paulo Cavalcanti
Redatora: Bruna Marchetti
© 2020 Oncologia Brasil
A Oncologia Brasil é uma empresa do Grupo MDHealth. Não provemos prescrições, consultas ou conselhos médicos, assim como não realizamos diagnósticos ou
tratamentos.