PEACOCC: pembrolizumabe no tratamento de tumores ginecológicos de células claras (CCGC) avançado e refratários - Oncologia Brasil

PEACOCC: pembrolizumabe no tratamento de tumores ginecológicos de células claras (CCGC) avançado e refratários

2 min. de leitura

Diante das baixas taxas de resposta à terapia padrão e demais terapias, o tratamento alternativo de CCGC com pembrolizumabe garantiu boas taxas de sobrevida global, sobrevida livre de progressão, resposta objetiva e duração de resposta

 

Os carcinomas de células-claras classicamente e frequentemente descritos em tumores renais, ainda que raramente, podem ocorrer sobretudo no trato reprodutivo feminino, em tumores de ovário, endométrio, vagina e cervical, compreendendo de modo geral os tumores ginecológicos de células claras (CCGC). O tratamento padrão para os casos avançados/metastáticos compreende cirurgia de redução do volume tumoral e combinação de quimioterapia (platina+taxanos). No entanto, o desafio clínico diante de CCGC é a baixa taxa de resposta à terapia padrão e às propostas quimioterápicas de segunda linha, com taxas de resposta objetiva (ORR) entre 0-8%. 

O estudo de fase II PEACOCC, baseado nas evidências moleculares de expressão de PD-L1, infiltrado tumoral linfocitário PD-1+, alto TMB e bons resultados de inibidores de PD-1 em ensaios pré-clínicos, avalia a aplicabilidade de pembrolizumabe (anti-PD-1) no tratamento de CCGC avançado e refratário a terapias anteriores. Delineado em modelo multicêntrico e de braço único, o estudo avaliou 48 pacientes que receberam pembrolizumabe 200mg a cada 21 dias até o momento da progressão, eventos adversos inaceitáveis, 2 anos de tratamento ou por decisões dos pacientes ou dos clínicos. 

O endpoint primário do estudo foi a taxa de sobrevida livre de progressão (SLP) em 12 semanas. Assim, 43,8% (90% CI: 31,5-56,5) dos pacientes atingiram SLP nesse período. Outros parâmetros de eficácia foram avaliados: a melhor taxa de resposta objetiva foi alcançada em 25% (90% CI: 15,1-37,3), sendo uma resposta completa e 11 respostas parciais. A taxa de duração de resposta (DOR) em 1 ano foi observada em 47,7% (95% CI: 14,1-75,6). Com mediana de follow-up de 2,1 anos, obteve-se uma mediana de SLP de 12,2 semanas (95%CI: 5,9-32,9) e de sobrevida global (SG) de 71 semanas (9% CI: 29,1-137,6). 

Conjuntamente à eficácia, a segurança foi avaliada conforme o desenvolvimento de eventos adversos relacionados ao tratamento (TRAE). As toxicidades máximas atingidas foram de G3, como hipertireoidismo, injúria aguda renal, encefalite, dentre outras. Apenas 3 pacientes necessitaram interromper o tratamento decorrente de toxicidades. 

Resultados do estudo demonstram uma boa performance do pembrolizumabe em CCGC avançado. O tratamento com pembrolizumabe em linhas subsequentes garantiu sobrevida livre de progressão (12 semanas) em 43,8% dos pacientes com boa duração de resposta e toxicidades limitadas. Esses resultados sugerem a possibilidade da monoterapia com pembrolizumabe no tratamento desses tumores raros, dado contexto atual de prognóstico ruim e altas taxas de progressão. 

 

Referências:  

  1. Eric I Marks et al. Genomic and Molecular Abnormalities in Gynecologic Clear Cell Carcinoma. American Journal of Clinical Oncology. 2020 
  2. Rebecca Kristeleit et al. Efficacy of pembrolizumab monotherapy (PM) for advanced clear cell gynaecological cancer (CCGC): Phase II PEACOCC trial. ESMO (OncologyPRO) 2022 

 

© 2020 Oncologia Brasil
A Oncologia Brasil é uma empresa do Grupo MDHealth. Não provemos prescrições, consultas ou conselhos médicos, assim como não realizamos diagnósticos ou tratamentos.

Veja mais informações em nosso Aviso Legal