Em pacientes com carcinoma de nasofaringe recorrente/metastático já expostos à platina, o tratamento com pembrolizumabe não foi superior à quimioterapia citotóxica, mas apresentou melhor perfil de toxicidade
As opções de tratamento para o carcinoma de nasofaringe recorrente/metastático (CNF R/M) são limitadas. No estudo de fase Ib KEYNOTE-122028, pembrolizumabe (pembro) apresentou atividade antitumoral e perfil de segurança manejável numa coorte de 27 pacientes com CNF R/M. O estudo da fase III, aberto, multicêntrico e randomizado KEYNOTE-122 (CNT02611960) avaliou a eficácia e segurança de pembro em monoterapia vs quimioterapia nesses pacientes após tratamento baseado em platinas.
Pacientes com diagnóstico histológico CNF R/M não-queratinizante (WHO classe II), ou indiferenciado (WHO classe III), já tratados com platina, positivos para vírus Epstein-Barr, ECOG0-1 e com doença mensurável por RECIST v1.1 foram randomizados 1:1 para receber pembro 200mg a cada 3 semanas por até 35 ciclos ou quimioterapia a escolha do investigador (capecitabina – C, gemcitabina – G ou docetaxel – D). O desfecho primário foi sobrevida global (limiar de significância: 0.025 uni-caudado). Os desfechos secundários foram sobrevida livre de progressão, taxa de resposta objetiva e duração de resposta (todos pelo RECIST v1.1 avaliados por comissão independente).
Resultados:
Entre 5 de maio de 2016 e 28 de maio de 2018, 233 pacientes foram randomizados a pembro (n=117) ou quimioterapia (n=116; C: n=39; G: n=46; D: n=31). 74.4% pacientes no braço do pembro e 62.9% no de quimioterapia tinham PD-L1 CPS ≥1. Na população com intenção de tratamento, a mediana de sobrevida global foi de 17.2 meses (95% IC 11.7-22.9) com pembro vs 15.3 meses (10.9-18.1) com quimioterapia (HR 0.90; 95% IC 0.67-1.19; P=0.2262; limiar de significância para a análise final: 0.0187); em 24 meses 40.2% no grupo do pembro e 32.2% no outro grupo estavam vivos. Não houve diferença estatística para os outros desfechos de sobrevida livre de progressão (4.1 vs 5.5 meses), taxa de resposta objetiva (21.4 vs 23.2%) e duração de resposta (12.0 vs 13.1 meses) para os grupos pembro e quimioterapia respectivamente. As análises de biomarcadores ainda estão em andamento. A incidência de eventos adversos foi de 61.2% no grupo pembro e de 87.5% no grupo de quimioterapia (graus 3-5: 10.3 vs 43.8% respectivamente).
Conclusão:
Pembro em monoterapia não aumentou a sobrevida global quando comparado à quimioterapia citotóxica em pacientes com CNF R/M já expostos a esquemas baseados em platina. A presença de PD-L1 CPS ≥1 não se correlacionou a benefício clínico em sobrevida global e taxa de resposta objetiva. Entretanto, o tratamento com pembro foi mais bem tolerado.
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Redatora: Bruna Marchetti
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