Resultados do acompanhamento de 10 anos do estudo TAM-01, o uso de baixas dose de Tamoxifeno para prevenção de recorrência de câncer de mama - Oncologia Brasil

Resultados do acompanhamento de 10 anos do estudo TAM-01, o uso de baixas dose de Tamoxifeno para prevenção de recorrência de câncer de mama

3 min. de leitura

Estudo randomizado com baixas dose de tamoxifeno vs placebo para prevenção de recorrência em neoplasia não invasiva de mama

 

 O câncer de mama acomete mulheres em todo o mundo, com a estimativa de 2,3 milhões de novos casos. Dentre os tratamentos utilizados, a administração do tamoxifeno segue como opção terapêutica para carcinomas mamários estrógeno positivo e atualmente vem sendo discutido a sua utilização para prevenção de recorrência. O estudo TAM-01 tem como objetivo acompanhar a recorrência do câncer de mama invasivo ou in situ em pacientes que receberam baixas doses diárias de tamoxifeno.  

Nos dados de 05 anos desse estudo de fase III foi apresentado que a baixa dose de tamoxifeno – 5mg/dia – administrado por 3 anos em mulheres com neoplasia intraepitelial (NIE) reduziu em 52% a recorrência de câncer de mama invasivo ou carcinoma ductal in situ (CDIS), sem desenvolvimento de eventos adversos quando comparados ao placebo. Agora, foram apresentados os resultados de 10 anos do estudo.  

No estudo TAM-01, participaram 500 mulheres com NIE de forma randomizada, sendo 20% hiperplasia ductal atípica, 11% carcinoma lobular in situ (CLIS) e 69% CDIS. As doses de tamoxifeno ou placebo foram administradas após a cirurgia, seguindo ou não para a radioterapia. Como desfecho primário do estudo, foi considerado a incidência de câncer de mama invasivo ou CDIS.  

A mediana de idade do início do tratamento das pacientes era de 54 anos (± 9 anos) e 58% das mulheres estavam no estado pós-menopausa. Após a mediana de acompanhamento de 9.7 anos (IQR 8.3-10.9 anos), foram diagnosticados 66 casos de câncer de mama (15 in situ e 51 invasivos), sendo 25 do grupo de pacientes que receberam tamoxifeno e 41 do grupo que receberam placebo (taxa anual por 1000 pessoas-ano, 11.3 tamoxifeno vs 19.5 placebo; HR 0.58; 95%CI 0.35-0.95; p=0.03). A maioria das recorrências foram invasivas (77%) e ipsilateral (59%).  

Sobre a incidência de câncer de mama contralateral, ocorreram 6 eventos no grupo tamoxifeno enquanto no grupo do placebo ocorreram 16 eventos (HR 0.36, 95% CI, 0.14 – 0.91, p=0.025). O número de pacientes que precisaram ser tratadas com tamoxifeno para prevenir um evento mamário foi de 22 pacientes em 5 anos e 14 em 10 anos. O benefício do tratamento com tamoxifeno em dose baixa foi observado em todos os subgrupos de pacientes 

Na cohort de CDIS houve uma redução significativa de 50% da recorrência pela administração do tamoxifeno, o que representa 70% da população do estudo (HR 0.50; 95%CI 0.28 – 0.91; p=0.02). Não foi observada diferença dos eventos adversos graves entre os grupos que receberam tamoxifeno ou placebo durante o período de acompanhamento.  

Através desses resultados do acompanhamento de 10 anos do estudo TAM-01 é possível concluir que a administração de tamoxifeno dose baixa (5mg/dia – 3 anos) foi capaz de prevenir a recorrência de câncer de mama não invasivo após 7 anos do término do tratamento. Também não foram observados eventos adversos de longo prazo. 

 

Referência:

  1. Lazzeroni M. et al. Randomized Placebo Controlled Trial of Low-Dose Tamoxifen to Prevent Recurrence in Breast Noninvasive Neoplasia: A 10-year follow-up of TAM-01 Study. J CLIN ONCOL. JCO2202900. Advance online publication. https://doi.org/10.1200/JCO.22.02900