Utilização dos inibidores de PARP no tratamento do câncer de ovário avançado - Oncologia Brasil

Utilização dos inibidores de PARP no tratamento do câncer de ovário avançado

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Neste vídeo Dra. Andressa Azeredo, oncologista clínica no Hospital Moinhos de Ventos e na Clínica KAPLAN, e Fellowship em Tumores Femininos, comenta sobre dois estudos clínicos que avaliaram a utilização de inibidores de PARP em diferentes cenários do câncer de ovário.  

Foram comentados o follow-up de 3,5 anos do estudo PRIMA/ENGOT-OV26/GOG-3012, que avaliou a eficácia a longo prazo do niraparibe como tratamento de manutenção, na primeira linha, do tratamento do câncer de ovário de alto-risco de progressão. Além desse, foi abordado um estudo retrospectivo sobre a eficácia da continuação ou reintrodução de PARPi em pacientes com câncer de ovário de alto grau após tratamento local para progressão oligometastática. 

 

 

O câncer de ovário é, dentre os tumores ginecológicos, aquele com maiores taxas de óbito. O tratamento padrão para esses tumores recém diagnosticados e em estadiamento avançado é a cirurgia citorredutora associada à terapia de platina-texanos, no entanto, diante da taxa de 85% de recorrência à quimioterapia, essa pode ser complementada com o uso de bevacizumabe (anti-VEGF). Novas e mais eficazes oportunidades vêm sendo investigadas, já que essas pacientes seguem sem tratamentos que realmente reduzam os riscos de óbito ou progressão da doença após primeira linha. 

Com essa necessidade clínica, o estudo de fase III, duplo-cego ENGOT-OV16/NOVA avaliou o uso de niraparibe (inibidor seletivo de PARP1 e PARP2) na primeira linha de manutenção em tumores de ovário recorrentes e responsivos à quimioterapia. Análises anteriores do PRIMA/ENGOT-OV26/GOG-3012 demonstraram que niraparibe como 1ª linha de terapia de manutenção ofereceu benefícios clínicos com relação ao aumento da sobrevida livre de progressão independentemente de biomarcadores e embasou a aprovação desse fármaco pelo FDA e Anvisa nesse regime terapêutico.  

Após 3,5 anos de seguimento, o estudo PRIMA/ENGOT-OV26/GOG-3012 segue demonstrando melhora significativa no uso de niraparibe em 1ª linha de manutenção, independentemente do status de HRD, em paciente com câncer de ovário recém diagnosticado e com alto risco de progressão. 

Apesar dos iPARP terem revolucionado o tratamento do câncer de ovário de alto grau, um número significativo de pacientes ainda sofre recaídas ou progride sob os iPARP, necessitando da introdução de uma nova linha de terapia sistêmica. Neste sentido, um estudo retrospectivo, multicêntrico e internacional avaliou a eficácia da continuação ou reintrodução de iPARP em pacientes com câncer de ovário de alto grau após o tratamento local para progressão oligometastática. Nestes pacientes, pode ser proposta uma indicação potencial para terapia local seguida de reintrodução ou continuação do tratamento com iPARP, em vez de iniciar uma nova linha de quimioterapia.  

O estudo demonstrou que, após iniciarem o tratamento com iPARP, os pacientes se mantiveram cerca de um ano sem progressão ou introdução de nova linha de terapia sistêmica. Desta forma, o estudo relatou a viabilidade e potencial benefício desta estratégia neste grupo de pacientes. 

No vídeo, a especialista comenta detalhadamente os dados dos dois estudos, e os relaciona com a prática clínica. Vale a pena assistir e conferir o conteúdo completo! 

 

Referências:  

  1. Antonio González-Martín et al. Niraparib in Patients with Newly Diagnosed Advanced Ovarian Cancer. The New England Journal of Medicine. 2019. 
  2. Antonio Jose Gonzalez Martin et al. PRIMA/ENGOT-OV26/GOG-3012 study: Updated long-term PFS and safety. Annals of Oncology (2022) 33 (suppl_7): S235-S282. 10.1016/annonc/annonc1054 
  3. Gauduchon Thibault et al, 528MO – Is re-introduction or continuation of PARP inhibitors after local therapy for oligo-metastatic progression in patients with relapsed ovarian cancer relevant? Annals of Oncology (2022) 33 (suppl_7): S235-S282. 10.1016/annonc/annonc1054