Regorafenibe em primeira linha no tratamento de tumores estromais gastrointestinais KIT/PDGFR selvagem - Oncologia Brasil

Regorafenibe em primeira linha no tratamento de tumores estromais gastrointestinais KIT/PDGFR selvagem

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Cerca de 15% dos tumores estromais gastrointestinais (GIST) adultos são do tipo selvagem para KIT/PDGFRA, deficientes de succinato desidrogenase (SDH) e resistentes ao imatinibe. Terapias eficazes nessa população de pacientes são necessárias

Durante o Congresso Anual da ESMO 2021, foi apresentado o REGISTRI (NCT02638766), um estudo de fase II, braço único, não randomizado e multicêntrico, que avalia o regorafenibe em monoterapia no tratamento de primeira linha de pacientes com GIST metastático e/ou irressecável com KIT/PDGFR selvagem.  

Pacientes maiores de 18 anos com GIST avançado KIT ou PDGFR selvagens, sem tratamento prévio, eram elegíveis após confirmação central por NGS (next generation sequencing). Os pacientes elegíveis receberam regorafenibe 160 mg/dia durante 21 dias a cada ciclo de 28 dias. O desfecho primário foi a taxa de controle da doença (TCD) em 12 semanas por avaliação radiológica central baseando-se em RECIST1.1; os desfechos secundários foram sobrevida livre de progressão (SLP), sobrevida global (SG), taxa de resposta objetiva (TRO), segurança e qualidade de vida. Uma emenda permitiu o uso de imatinibe prévio em caráter adjuvante.  

 

Resultados 

De maio de 2016 a outubro de 2020, 30 pacientes com GIST avançado e KIT/PDGFR selvagem passaram por uma triagem molecular central (por Sanger). Entre os 15 pacientes não elegíveis, 8 apresentavam mutações no éxon 11 do KIT, 3 no éxon 9 do KIT e 3 no éxon 18 do PDGFRA por NGS. Os 16 (53,3%) pacientes molecularmente elegíveis restantes foram inscritos e começaram o uso de regorafenibe, exceto um indivíduo devido à pandemia de COVID-19. O ensaio foi encerrado prematuramente devido ao baixo recrutamento, especialmente após o surto de coronavírus.  

Com base na avaliação radiológica central, a taxa de controle de doença na semana 12 foi de 86,7%. Com uma mediana de acompanhamento de 26 meses, 10 dos 15 pacientes progrediram, com uma mediana SLP de 10,8 meses (IC 95%: 6,9-14,8). As taxas de SLP aos 6, 9 e 12 meses foram de 65%, 48% e 29%, respectivamente. Dois participantes estavam livres de progressão aos 25 e 43 meses desde o início da exposição ao regorafenibe. Seis de quinze pacientes morreram, com uma mediana SG de 33,5 meses. 

Os autores concluem que os resultados do estudo se aproximam do limite de atividade pré-especificado. O baixo recrutamento pode ter afetado essa obtenção. A alta porcentagem de GIST mutante não identificado pelo método de Sanger aumenta a necessidade de NGS em pacientes com GIST KIT/PDGFR selvagem. 

 

Referências:  

  1. Broto JM, et al. “REGISTRI: Regorafenib in first-line of KIT/PDGFR wild type advanced GIST: Capatalize the A Spanish (GEIS), Italian (ISG) and French Sarcoma Group (FSG) phase II trial” Abstract 1520O. ESMO Congress 2021.