Análise sobre a concordância das recomendações de tratamento por MTBs comparadas aos consensos centrais - Oncologia Brasil

Análise sobre a concordância das recomendações de tratamento por MTBs comparadas aos consensos centrais

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Na era da medicina de precisão e da incorporação cada vez maior de análise genética dos tumores, tem crescido exponencialmente a relevância dos Molecular Tumor Boards (MTBs), ou seja, reuniões multidisciplinares cujo objetivo é determinar o melhor plano terapêutico baseado nas alterações genéticas encontradas para um paciente individualmente

Durante o Congresso Anual da ESMO 2021, foi apresentado um estudo japonês que avaliou prospectivamente a concordância entre as recomendações de tratamento pelos Molecular Tumor Boards (MTBs) em relação às de consenso central. 

O comitê do estudo simulou 50 casos que incluíram alterações genômicas frequentemente observadas, selecionadas do banco de dados do The Cancer Genome Atlas. O comitê, então, desenvolveu uma recomendação para todos os 50 casos, de acordo com a diretriz de prática japonesa (Naito Y et al., Int J Clin Oncol 26: 233-283; 2021). Os MTBs dos doze principais institutos de câncer no Japão recomendaram independentemente um tratamento para todos os 50 casos de maneira cega para as recomendações de consenso. O objetivo principal era estimar a taxa de concordância, que foi definida como a proporção de recomendações de tratamento por MTBs que eram concordantes com as recomendações de consenso. 

 

Resultados 

Em 600 (= 50 casos × 12 institutos) recomendações de tratamento pelos MTBs, a taxa ajustada de concordância foi de 62% (IC 95%: 54-69%); a taxa de concordância entre os MTBs variou de 50% a 86%. Uma alta concordância foi observada nos subgrupos de câncer colorretal (83%), fusão ROS1 (100%) e alto nível de evidência A/R (88/100%), enquanto uma baixa concordância foi observada em casos com câncer cervical (10%), mutação TP53 (16%) e baixo nível de evidência C/D/E (30/25/18%).  

Uma análise multivariada revelou que o nível de evidência (alto [A/B/R] versus baixo [C/D/E]; OR 4,4 [IC 95%: 1,8-10,8]) e alteração TP53 (sim versus não; OR 0,06 [IC 95%: 0,03-0,10]) foram fatores significativos associados à concordância. 

Os autores concluem que tais resultados indicam que o compartilhamento de informações sobre a melhor terapia baseada nas alterações genéticas pode ser necessário para melhorar a qualidade das recomendações de tratamento por MTBs, particularmente para as com baixo nível de evidência. 

 

Referências:  

  1. Kage H, et al. “Concordance analysis of treatment recommendations between central consensus and multidisciplinary tumor boards.” Abstract 519MO. ESMO Congress 2021.